quarta-feira, 23 de novembro de 2011

OS BONS EFEITOS DO FERIR

Esse ato de ferir é exigido antes da conversão para que assim o Espírito possa abrir caminho para si mesmo dentro do coração ao arrasar todo orgulho, pensamentos altivos, e para que possamos entender a nós mesmos como sendo o que de fato somos por natureza. Amamos nos apartar por nós próprios e a ser estranho em casa, até Deus nos ferir porn uma ou outra cruz, e então caímos em nós mesmos, e voltamo-nos ao lar como o pródigo (Lucas 15.17). É duríssima coisa trazer um coração estúpido e intencionalmente ambíguo a clamar de modo sentido por misericórdia. Nossos corações, como criminosos, até que sejam derrotados em todos os seus subterfúgios, nunca bradam pela misericórdia do juiz.
Outra vez, esse ferir nos leva a dar um alto preço a Cristo. Então o evangelho se torna de fato o evangelho; então as folhas de figo da moralidade não nos farão bem algum. E ele nos torna mais gratos, e, da gratidão, passamos a ser mais frutíferos em nossas vidas; pois o que torna muitos tão frios e estéreis, senão por aquele ferimento pelo pecado, que nunca fazia com que eles estimassem a graça de Deus?
Semelhantemente, esse lidar de Deus estabelece-nos o mais possível em seus caminhos, tendo tido pancadas e ferimentos em nossos próprios caminhos. Esse é, amiúde, a causa de relaxamentos e apostasia, porque os homens nunca sentem a dor pelo pecado de início; eles não estiveram tempo bastante sob o açoite da lei. Aqui, essa obra inferior do Espírito em abater os pensamentos altivos (2 Co 10.5) é necessária antes da conversão. E, no mais das vezes, o Espírito Santo, para promover a obra de convicção, junta a ela alguma aflição, a qual, quando santificada, tem um poder de curar e purgar. Depois da conversão, precisamos ser feridos de modo que os caniços possam saber por si próprios que são caniços, não carvalhos. Mesmo caniços precisam ser feridos, devido ao resto de orgulho em nossa natureza, e nos levar a ver que vivemos por misericórdia. Tal ferimento pode ajudar os cristãos mais fracos a não ficarem por demais desencorajados, quando virem os mais fortes abalados e feridos. Assim foi Pedro ferido quando chorou amargamente (Mt 26.75). Esse caniço, até encontrar com sua ferida, tinha em si mais vento do que seiva quando disse: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei” (Mt 26.33, NVI). O povo de Deus não pode ficar sem esses exemplos. Os feitos heróicos daqueles grandes notáveis não confortam a igreja tanto quanto suas quedas e feridas. Assim foi Davi ferido até que chegasse a uma livre confissão, sem espírito ardiloso (Sl 32.3,5); pelo contrário, suas tristezas fizeram surgir em seu próprio sentimento até a intensa dor de quebra dos ossos (Sl 51.8). Assim Ezequias se queixa de que Deus “como um leão” quebrou todos os seus ossos (Is 38.13). Assim precisou o vaso escolhido Paulo do mensageiro de Satanás para o esbofetear para que não devesse se gabar além da conta (2 Co 12.7). Aqui aprendemos que não devemos ser rígidos em demasia ao julgarmos a nós e a outros quando Deus nos exercita com ferimento sobre ferimento. Deve haver uma conformidade com a nossa cabeça, Cristo, que “foi ferido” por nós (Is 53.5) para que possamos conhecer quanto estamos ligados a ele. Espíritos ímpios, ignorantes quanto aos caminhos de Deus em levar seus filhos ao céu, censuram os cristãos esmagados pela dor como pessoas miseráveis, sendo que Deus está operando neles uma obra boa, graciosa. Não é questão fácil trazer um homem da natureza para a graça, e da graça à glória, tão inflexíveis e intratáveis que são nossos corações.

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