Reflexão sobre ler e escrever
Tenho pensado sobre a importância
de ler e escrever. Há várias razões por que eu escrevo. O fato de que eu leio é
uma das razões que mais me compelem a escrever. Digo-lhes que meu principal
sustento espiritual vem do Espírito Santo por meio da leitura. Por conseguinte,
ler é mais importante para mim do que comer. Se eu ficasse cego, pagaria a
alguém a fim de que lesse para mim. Tentaria aprender braile. Compraria livros
gravados em fitas cassetes. Preferiria viver sem comida a viver sem livros. Por
isso, escrever parece algo que me dá vida, visto que alimento a minha vida com
muito do que leio.
Combine isto com as palavras de
Paulo em Efésios 3.3-4: “Segundo uma revelação, me foi dado conhecer o
mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente; pelo que, quando ledes,
podeis compreender o meu discernimento do mistério de Cristo”.
A igreja primitiva foi estabelecida pelos
escritos dos apóstolos, bem como pela pregação deles. Deus resolveu enviar sua
palavra viva ao mundo por trinta anos, e sua Palavra escrita, por dois mil
anos. Pense sobre a intenção que estava por trás desta resolução divina. As
pessoas, em cada geração, seriam dependentes daqueles que lêem. Algumas pessoas,
se não todas, teriam de aprender a ler — e ler bem — para serem fiéis a Deus.
Assim
tem sido por milhares de anos. Geração após geração tem lido as percepções de
seus escritores. Esta é a razão por que novas afirmações de antigas verdades
são continuamente necessárias. Sem elas, as pessoas lerão o erro. Daniel
Webster disse:
Se livros religiosos não circularem amplamente entre as massas, neste
país, não sei o que nos tornaremos como nação. Se a verdade não for difundida, o
erro o será. Se Deus e sua Palavra não forem conhecidos e recebidos, o diabo e
suas obras ganharão ascendência. Se os livros evangélicos não alcançarem cada
vilarejo, as páginas de literatura corrupta e licenciosa alcançarão.
Milhões
de pessoas se envolverão em leitura. Se não lerem livros cristãos contemporâneos,
lerão livros seculares contemporâneos. Elas lerão. É admirável observar as
pessoas em aeroportos. Somente nos aeroportos, em qualquer momento, existem
centenas de pessoas lendo. Uma das coisas com a qual nós, crentes, precisamos
estar comprometidos, além da leitura, é a atitude de dar livros espirituais àqueles
que podem lê-los, mas não os compram.
O efeito cascata é
incalculável. Considere esta ilustração:
Um livro escrito por Richard Sibbes, um dos mais seletos escritores
puritanos, foi lido por Richard Baxter, que foi muito abençoado pelo livro.
Depois, Baxter escreveu Um Apelo ao Não-Convertido, que influenciou profundamente
Philip Doddridge, o qual, por sua vez, escreveu O Surgimento e o Progresso do Cristianismo
na Alma. Este livro trouxe William Wilberforce, um político e inimigo da escravatura,
a reflexões sérias sobre a eternidade. Wilberforce escreveu o seu Guia Prático
do Cristianismo, que incendiou a alma de Leigh Richmond. Este, por sua vez,
escreveu A Filha do Leiteiro, que trouxe milhares ao Senhor, ajudando, entre
outros, Thomas Chalmers, o grande pregador.
Parece-me
que, em uma cultura literária como a nossa, na qual muitos sabem como ler e
livros se encontram disponíveis, o mandato bíblico é que você continue a ler
aquilo que lhe abrirá, mais e mais, as Escrituras e que continue a orar por escritores
saturados com a Bíblia. Existem importantes livros antigos para lermos, mas
cada nova geração necessita de seus próprios escritores para tornar a mensagem
nova. Leia e ore. Depois, obedeça.
John Piper
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