segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Tarefas Modestas

          O trabalho pastoral consiste de tarefas modestas, diárias e determinadas. É como o trabalho de um fazendeiro. O trabalho pastoral envolve rotinas semelhantes a limpar o curral, o estábulo, coletar o esterco e arrancar as ervas daninhas.
          Isso não é, em si, um trabalho ruim, mas, se esperamos cavalgar diariamente num desfile, num imponente cavalo preto, e então voltarmos para um estábulo limpo onde um empregado escova e alimenta nossa montaria, ficaremos extremamente desapontados e viveremos cheios de horríveis ressentimentos. Existem muitas coisas gloriosas no trabalho pastoral, mas a congregação, como tal, não é gloriosa. A congregação é semelhante a Nínive: um lugar de trabalho duro sem muita expectativa de sucesso, pelo menos do modo como é medido pela sociedade. Porém, alguém tem de fazê-lo, alguém tem de fielmente dar visibilidade pessoal à continuidade da Palavra de Deus no lugar de adoração e oração, nos locais de trabalho e lazer, e nos congestionamentos da virtude e do pecado. Qualquer pessoa que idealize a congregação presta um grave desserviço aos pastores. Ouvimos histórias de igrejas entusiásticas e cheias de charme e nos perguntamos o que estamos fazendo de errado, pois nossa congregação não tem nada a ver com isso como resultado de nossa pregação. Contudo, se examinarmos de perto, não existe uma congregação perfeita. Permaneça em um templo por algum tempo e você descobrirá fofocas intermináveis, equipamentos que não funcionam, discípulos que desistiram, corais que desafinam — e coisas piores. Toda congregação é uma congregação de pecadores. Se isso não fosse ruim o bastante, todas elas têm pecadores como pastores.
           Não nego que existam momentos esplêndidos na congregação. Eles existem. Muitos e freqüentes. Entretanto, também existem condições de penúria. Por que negá-lo? E como não ser assim? Não existe um pastor sincero no mundo que não esteja profundamente consciente das precárias condições que existem na congregação e, conseqüentemente, da tarefa interminável de limpar o lixo, encontrar um espaço para respirar, fornecer alimento adequado, sair às ruas dia após dia, noite após noite, arriscando sua vida com atos de fé e amor. Nós experimentamos isso semana após semana, ano após ano. Algumas semanas são um pouco melhores; outras, piores. Porém essa tarefa está sempre presente. Essas condições são idênticas às que Moisés enfrentou no Sinai; Jeremias, nas ruas de Jerusalém; Paulo, na lasciva igreja de Corinto; e João,
entre as canas quebradas de Tiatira. Negar isso nos incapacita para nosso verdadeiro trabalho. Evitar isso nos separa das percepções espirituais de Isaías e da dor de Davi, da fome e da sede que nos atraem à justiça do Cristo crucificado. 
          Propagandistas estão por aí mentindo para nós a respeito de como as congregações são e devem ser. Eles estão mentindo por dinheiro. Querem nos deixar descontentes com o que estamos fazendo a fim de que compremos deles uma solução que, prometem, irá restaurar a energia de nossas congregações. O lucro entre os que negociam essas fórmulas espirituais indica que a credulidade pastoral nesse assunto é interminável. Pastores, que enfrentam o fracasso dessas fórmulas adquiridas, tipicamente jogam a culpa na congregação e a deixam por outra. O Diabo, que está por trás de toda essa falcatrua maquiada e engomada, tão facilmente nos deixa descontentes com o que estamos fazendo que levantamos as mãos, angustiados, e vamos para uma outra congregação que apreciará nossos dons no ministério e nossa devoção ao Senhor. Todas as vezes que um pastor abandona uma congregação por outra devido ao tédio, à raiva ou à inquietação, a vocação pastoral de todos nós é enfraquecida.

Eugene Peterson

Um comentário:

  1. Bom seria se os pastores cuidassem de suas ovelhas, mantendo contato, se inteirando de suas dificuldades e necessidades, do quanto precisam estudar a Palavra, de qua nto precisam de oração e do óleo da unção.
    Os pastores precisam de obreiros competentes para apoiá-lo a fim de que estude mais, ore mais, se prepare cada vez mais e melhor, mas precisa também saber cuidar dos membros da igreja local.
    Há muita sede por parte dos pastores para uma série de coisas, mas raramente perguntam se a ovelha está com sede, com fome, doente ou se perdendo.
    Oremos pelos nossos pastores para que possam estar sempre em comunhão com o Senhor, recebendo revelações, dons e ministérios, de todos o maior: o amor.

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